Exportações de bicicletas vão ultrapassar barreira dos 800 milhões

Setor chegou a novembro do ano passado a crescer mais de 37%, o que permite antecipar já um novo máximo histórico nas vendas ao exterior. A aposta este ano é chegar ao mercado norte-americano.

Boas notícias para a indústria das duas rodas que se prepara para fechar 2022 com um novo máximo histórico de exportações, ultrapassando a barreira dos 800 milhões de euros. Os dados existentes, referentes aos primeiros onze meses do ano, mostram que o setor estava a crescer 37% e ultrapassou já os 755,6 milhões de euros de vendas ao exterior, com a França e a Alemanha a destronarem Espanha como o principal destino das bicicletas made in Portugal. Gil Nadais, presidente da Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas, a Abimota, fala no "bom momento" que o setor atravessa, com uma "enorme procura" por parte dos países do centro e norte da Europa. A agenda climática também ajuda, com a procura por bicicletas elétricas a crescer, produtos de maior valor acrescentado.

Portugal é, desde 2019, o maior fabricante europeu de bicicletas, uma posição que se admite que se mantenha, em 2022, com mais de três milhões de unidades saídas das fábricas nacionais. Uma liderança que não pretende perder, com investimentos previstos de mais de 250 milhões, até 2025, no âmbito das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Gil Nadais admite que o mercado está "em grande mutação" e que estão a surgir, no centro da Europa, grandes unidades de montagem

de bicicletas, no entanto, diz-se "convicto" que Portugal "irá continuar a crescer, a bom ritmo", designadamente pela "grande aposta" que há no fabrico de componentes e não apenas na montagem das bicicletas.

"Temos muito investimento produtivo e em inovação previsto para alavancar ainda mais o setor e colmatar algumas lacunas na fabricação de componentes de elevado nível na Europa, seja de quadros ou de forquetas, por exemplo... A questão é que a bicicleta é um instrumento de sustentabilidade e o setor e os consumidores mais exigentes querem produtos com uma pegada ecológica diminuta. Quanto mais pequena, melhor", refere este responsável.

Por outro lado, Portugal continua a gerar grande interesse junto de potenciais investidores internacionais. "Com a pressão para o consumo de produtos made in Europe a crescer, há também a tendência dos produtores de outros continentes, nomeadamente da Ásia, de se aproximarem da Europa para diminuírem a sua pegada carbónica", diz.

Quanto ao projeto aprovado no âmbito das Agendas Mobilizadoras, o AM2R, liderado precisamente pela Abimota e pela Polisport, visa "consolidar e expandir" a ligação entre o tecido empresarial e o sistema científico tecnológico regional e nacional com o intuito de "aumentar a competitividade e resiliência" do setor das duas rodas, culminando na criação de um Centro de Interface Tecnológico. Com um investimento total de 258 milhões, dividido por 64 projetos, a AM2R envolve 34 empresas e quatro entidades científicas, consórcio que pretende apresentar 58 novos produtos, reduzir em 31% as emissões de CO2 e criar 1114 novos postos de trabalho, dos quais 238 qualificados.

O investimento, aprovado no âmbito do PRR, segue-se aos projetos Portugal Bike Value, I e II, que, com o apoio do programa Compete, procuraram promover a indústria nos mercados internacionais. Desde 2016, foram investidos, globalmente, neste âmbito, 4,5 milhões de euros, o que dá menos de 700 mil euros ao ano. Em contrapartida, no mesmo período, as exportações passaram de 280 milhões, em 2015, para os mais de 800 milhões previstos em 2022. Pelo caminho, Portugal passou a ter a maior fábrica de montagem de bicicletas da Europa - a RTE, em Vila Nova de Gaia -, o maior produtor de rodas, a Rodi, em Aveiro, e a primeira unidade de quadros em fibra de carbono fora da Ásia - a Carbon Team, de Vizela, resultado de uma joint venture que alia capital português, alemão e chinês -, entre muitos outros investimentos diferenciadores. E que vão continuar.

Por outro lado, é tempo de retomar a promoção internacional que, em tempos de pandemia, sofreu quebras importantes. E só este ano, a Abimota pretende fazer 15 feiras da especialidade, envolvendo cerca de 40 empresas.

A instabilidade dos mercados e a recessão que se adivinha para 2023 não ajuda, mas Gil Nadais mantém-se confiante. "É verdade que a as bicicletas de entrada de gama já não estão a ser tão procuradas, mas, em contrapartida, o crescimento das elétricas é muito superior", refere este responsável, que considera que os consumidores devem aproveitar uma altura de dificuldades para fazer contas. "É muito mais sustentável andar de bicicleta do que de carro, em pequenas deslocações. Basta mudarmos esse chip e poderemos fazer grandes poupanças o que, numa altura como esta, de inflação elevada, pode ser uma ajuda para o setor", defende.

E Portugal até deu uma ajuda, sendo o primeiro país da UE a baixar o IVA das bicicletas dos 23 para os 6%, a partir de 1 de janeiro de 2023. Um fator "muito positivo", diz a Abimota, que aguarda ainda a regulamentação, em breve, de outra medida do OE 2023 que permite que as empresas comprem frotas de bicicletas.

Fonte: https://www.dinheirovivo.pt/economia/exportacoes-de-bicicletas-vao-ultrapassar-barreira-dos-800-milhoes-15662900.html


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